quinta-feira, 25 de maio de 2017

I refuse

  Sinto que o oxigénio é demasiado para passar pela minha garganta a baixo, como se algo ou alguém estivesse a apertar o meu esófago a ponto de não me querer deixar respirar, mas eu vou conseguindo, aos poucos mas vou. As quatro paredes do meu quarto sentem-se esgotadas ao verem o meu sofrimento, ao me verem de joelhos no chão já sem forças para me levantar. As minhas lágrimas vão secando aos poucos, o meu corpo precisa de hidratar mas nem a água me faz matar a sede, pois é a única sensação que consigo sentir, sede,
sede de voltar a viver, sinto fome de voltar a sentir vontade de comer, sinto cansaço de só me sentir aliviada quando o sono finalmente bate à porta e só rezo para poder dormir o mais tempo possível para não sentir este sufoco. Ele está a esgotar-se, esse é o meu medo, estou com medo de chegar ao ponto de ficar de tal maneira intocável e não conseguir sentir realmente nada, nem um simples toque, nem importância por nada nem ninguém, sinto medo de estar a perder a minha humanidade consoante cada lágrima e cada berro que sai do meu corpo.

  Todas estas sensações estão aqui presentes ainda e será a elas que me vou agarrar para não me deixar cair, a elas e á minha sede de voltar a viver, de voltar a conquistar o mundo com o meu sorriso e com a minha força, porque eu sei que ela está por aqui algures bem escondida com receio de aparecer mas ela vai ter a coragem de vir ao de cima quando eu menos esperar e com ela e ajuda dela e apenas dela eu irei triunfar, irei voltar a respirar o ar por mim mesma e não aquele ar que me foi dado durante quase uma vida, vou ser eu a respirá-lo sozinha e a saborear a minha vitória, pode demorar, pode custar, pode até mesmo doer mais e mais mas vou conseguir. Não irei provar a ninguém, irei provar sim, a mim mesma. Por isso, por mais que a dor vos tire a beleza do mundo à vossa frente, nunca desistam de ser felizes, pode demorar mas há-de chegar e aí vocês darão ainda mais convicção à vossa felicidade.

Catarina'Azevedo

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Caminho

  Tu vais ter que lutar por coisas na vida. Vais ter que começar por baixo com as tuas mãos e com os teus joelhos no chão e sentir a sujidade entre os teus dedos, vais ter que trabalhar duro para as coisas que realmente queres. Vais sentir a queimadura e a tensão dentro de ti e vais deparar-te com imensas barreiras e obstáculos. Vais ouvir palavras como “não”, “ainda não” e “não estou interessado” e vais ser derrubada por coisas que tu acreditas de coração e que no fundo até mereces. Vais sentir dor quando não der certo e desanimada quando os momentos que tu esperas acabam por não acontecer. Mas isso não é o fim da tua jornada. Isso não é quando tu cedes ou desistes. Esse é o momento em que engoles o orgulho, beijas as tuas feridas da batalha e continuas a lutar, sabendo que uma porta fechada não significa que tenhas de viver na mesma sala para o resto da tua vida. Os sonhos e visões que costuraste no forro do teu coração não foram costurados ali por acidente ou por engano, foram costurados com precisão e propósito. Só porque demora mais, ou precisas de trabalhar um pouco mais ou correr um pouco mais rápido, não significa que precisas de desistir da esperança. Tu deves a ti mesma para preservar e empurrar os teus limites. Tu deves isso a quem te criou para seres a grande pessoa que és, para caçares a tua vocação como a maré dos oceanos caça a costa, sem hesitação ou reserva, ela aparece dia após dia e noite após noite e vive a mesma rotina a toda a hora, mas não desiste nem pára. Tu, tu és como o oceano. Tu mereces aquela alegria que vem depois de completar um desafio e desafiar as probabilidades. Tenta não questionar o processo ao longo do caminho. Não te iludas em acreditar que a jornada é simples, porque não é. As estradas que tu vais viajar serão complexas. Elas vão produzir desafios que irão levar-te ao ponto onde tu sentes que não podes ir mais longe e é aí que tu decides por ti mesma como vais viver. Se vais andar no caminho mais fácil, de largura aberta e forrado com conforto ou então na estrada menos percorrida, a estrada que produz caráter e força. A escolha é Tua. Vai e viaja sabiamente.

Catarina'Azevedo

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Verdade nua e crua


  Sabes, eu cheguei a cometer muitos erros na minha vida e cheguei a culpar um monte de gente pelos erros que cometi, era muito ingênua para perceber que era realmente eu a culpada durante todo esse tempo. Todas as ações têm uma reação sobre as pessoas ao nosso redor, positivas ou negativas, não importa quão grande ou pequena, se se trata de uma palavra ou de uma ação, vai sempre resultar em reações de outras pessoas, talvez não tinhas a intenção de fazê-los sentir assim, felizes, tristes, irritados, perturbados, orgulhosos, confusos, decepcionados, amados, feridos; mas fizeste, e foi a tua ação que causou isso, então eles agem ou pensam a partir da tua ação. Eu maltratei algumas pessoas na minha vida, infelizmente, tudo por causa das minhas inseguranças, das minhas auto dúvidas, das minhas próprias batalhas de auto valores. A depressão e o pânico têm desempenhado um papel enorme na minha vida e eles têm entrado em jogo com um monte de opções e raciocínios por de trás das ações. O pânico é real e é sufocante, mas não é uma desculpa para ferir as pessoas, não é um caminho para sair quando as coisas ficam difíceis e complicadas. É uma doença que milhares de pessoas gostariam de não ter de enfrentar todos os dias, eu incluída, mas não serve de desculpa para nos fazermos de coitados, de tratarmos mal as pessoas que lutam por nós cada segundo. Se elas são frias connosco é porque têm de ser, é porque querem levantar a nossa moral, é porque querem que sejamos independentes e não constantemente dependentes desta doença. Acreditem que quanto mais palmadinhas nas costas levarem pior é, estarão sempre reféns da vossa fraqueza e sem luta jamais sairão do buraco. Eu felizmente saí, ou estou a sair por mérito próprio, cheguei a ser assim, fraca, mas dois ou três abanões fizeram-me abrir os olhos, custou na altura, engoli em seco e só me apetecia chorar mas foram esses abanões que serviram de escada para eu alcançar o cimo do buraco e ver a luz do sol acima de mim, a luz da esperança, a luz que me guia todos os dias da minha vida, por isso, parem e pensem, seja qual fôr o vosso problema, rasguem-no, enfrentem-no, ouçam as pessoas que vos querem bem por mais que elas sejam rudes, juro-vos que é para o vosso bem. Sejam vocês mesmos, sejam a vossa alma e o vosso coração!

Catarina'Azevedo

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Realidade

  Hoje a realidade caiu-me em cima, se eu alguma vez pensei que isso apenas poderia acontecer uma vez na vida foi hoje e se querem que vos diga não sei como me sinto, é muito estranho, é como se renascesse de novo e descobrisse uma nova realidade juntamente com a minha antiga.
  22 anos depois descobri tudo o que existe para além da minha vida “normal” que tenho vivido sempre, juntamente com os meus pais na minha linda cidade de Amarante.
  Nunca pensei saber tanta coisa num curto espaço de horas, não sabendo ainda se realmente correspondem à realidade porque acaba por ser muita coisa para assimilar. Depois de tantos anos com uma teoria na minha cabeça fico a saber que provavelmente terá sido tudo ao contrário, e neste momento sinto-me impotente para aceitar esta realidade de animo leve, é muita coisa para mim.
  Eu continuo a ter aqueles que mais amo ao meu lado, aqueles que me criaram, aqueles que ao longo da minha vida me foram aparecendo com intuito de me amar, esses estão todos aqui para me dar a mão e me ajudarem a ver o que está à minha frente neste momento.

  Não vos consigo dizer que todo este embrulho de sentimentos é bom ou mau, eu sinceramente não sei, sei apenas que com ele ganhei uma bênção enorme, ganhei pelo menos uma pessoa na minha vida que a partir de agora terá todo o impacto na nela, nas minhas escolhas, nos meus caminhos a percorrer, ela será uma grande ajuda, ela é um sonho tornado realidade e será ela juntamente com todos que amo que me darão a maior força para o que vier.

Catarina'Azevedo